terça-feira, 5 de abril de 2011

amizades

Quero falar aos amigos.
Os amigos que tenho são os melhores
que alguém poderia ter.

Além disso, os amigos que tenho
têm muitos amigos e os dividem comigo.
Assim, meu número de amigos sempre aumenta,
já que sempre ganho amigos dos meus amigos.

Foi assim sempre.
Uns ganhei há tempos.
Outros são mais recentes.

E quem os deu não ficou sem eles,
pois amizade pode ser sempre dividida
sem nunca diminuir ou enfraquecer.

Pelo contrário,
Quanto mais dividida mais aumenta.

E há mais vantagens na amizade:
é uma das poucas coisas
que não custam nada mas valem muito,
embora não sejam vendáveis!

Entretanto,
é preciso que se cuide um pouco das amizades...

As mais recentes, por exemplo,
precisam de alguns cuidados.
Poucos, é verdade, mas indispensáveis.

É preciso mantê-los com um certo calor,
cuidar, falar com eles.
Com o tempo eles crescem,
ficam fortes e suportam alguns trancos.

Os mais antigos, já sólidos, não exigem muito não!
São como as mudas de plantas que,
depois de enraizadas, parecem viver sem cuidados,
porém não podem jamais ser esquecidas.
Algo é preciso para mantê-las vivas.

Prezo muito minhas amizades
e reservo sempre um canto no meu peito para elas.
E sempre que surge a ocasião,
não perco a oportunidade
de dar um amigo a um amigo,
da mesma forma que ganhei.

E não adiantam as despedidas.
De um amigo ninguém se livra fácil.
Amizade, além de contagiosa, é incurável.

o amor

Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor
seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Das noites que vivi acalentando
Pela graça indizível
dos teus passos eternamente fugindo
Trago a doçura
dos que aceitam melancolicamente.
E posso te dizer
que o grande afeto que te deixo
Não traz o exaspero das lágrimas
nem a fascinação das promessas
Nem as misteriosas palavras
dos véus da alma...
É um sossego, uma unção,
um transbordamento de carícias
E só te pede que te repouses quieta,
muito quieta
E deixes que as mãos cálidas da noite
encontrem sem fatalidade
o olhar estático da aurora.